domingo, 8 de agosto de 2010

A morte do mito



A praticidade e a impaciência comeram o mito cru.
Os andarilhos viraram moradores de rua, os magos foram internados nos hospícios e o mistério virou ciência.
Explicou-se o sol, as fases da lua e o crescimento das plantas. Foram erguidos grandes edifícios, as ruas concretadas e o homem, enquanto carcaça, enaltecido. Sua vida, enquanto carne, foi prorrogada e os sentidos viraram compreensão.
O cinza tomou as ruas, a fumaça tomou o ar e o tédio, o frescor. O véu cresceu, engrossou, as luzes da cidade grande ofuscaram o céu e o silêncio, que ainda habita as montanhas é cada vez mais raro.

Foto: Roberto Linsker

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