segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Urubus, não gaviões


Andava ávido pelas ruas quentes da cidade, na pressa de algo importante. Algo que de tão importante, na verdade era indiferente.
A gravata lhe apertava o pescoço e sentia-se preso. Seus pés, com os dedos levemente encolhidos dentro dos sapatos lhe davam a sensação de opressão. Era oprimido!
Não podia desfrutar do céu azul celeste e deitar sobre a grama, não podia encostar debaixo da frondosa castanheira e esquecer do tempo, nem ao menos tomar um caldo de cana sentado ao banco da praça.
O contato com as outras pessoas era por cima, falava-se somente o necessário. Era como se a vida de um fosse demasiado importante ao outro, o mesmo importante indiferente de antes.
E agora ? Quando pensava em parar, era pra planejar suas férias, uma saída do fim de semana, um objetivo futuro, algum sonho à gaveta.
Idiota, era completamente alheio a si mesmo. Pertencia aos outros!
Era absorto, deslocado e impróprio.
E agora ?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MOB 010


Participem! Participem!
Estaremos fazendo a música livre na grande bolha, do dia 13, todos são bem-vindos! :)

PS: A arte é de José Roberto da Silva e o cartaz foi emprestado daqui.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O negócio é arte


Eis o teatro de bolso. Estrelando: O Auto da Compadecida.


E tudo vira arte! :)

domingo, 8 de agosto de 2010

A morte do mito



A praticidade e a impaciência comeram o mito cru.
Os andarilhos viraram moradores de rua, os magos foram internados nos hospícios e o mistério virou ciência.
Explicou-se o sol, as fases da lua e o crescimento das plantas. Foram erguidos grandes edifícios, as ruas concretadas e o homem, enquanto carcaça, enaltecido. Sua vida, enquanto carne, foi prorrogada e os sentidos viraram compreensão.
O cinza tomou as ruas, a fumaça tomou o ar e o tédio, o frescor. O véu cresceu, engrossou, as luzes da cidade grande ofuscaram o céu e o silêncio, que ainda habita as montanhas é cada vez mais raro.

Foto: Roberto Linsker