sexta-feira, 28 de maio de 2010

O desgosto e o amanhecer reciclável

Já cansados, simplesmente estamos.
Vejo uma multidão cansada. A esperança tornou-se a cerveja do fim de semana e a liberdade, a ilusão embriagada da escolha entre duas marcas.
A realidade tornou-se chata e mesquinha à luz da tevê, que brilha em nosso rosto e reflete o desgosto da vida. As novelas mostram quem gostaríamos de ser, o que gostaríamos de ver e os jornais trazem o mundo, tão distante. Tão racional posto às letras, tão chato explicado por especialistas e profissionais.
Ao dia-a-dia, nos empurramos uns aos outros por um lugar melhor na fila, por uma cadeira no ônibus. Observamos a cidade passar rápido pela janela, assim como os dias e as noites.
A repetição, a televisão, o trabalho, a casa, as férias. Estamos condenados ao desgosto ?
A fumaça tinge de cinza os céus, os prédios tapam o sol e os seres andam curvados, às pressas, pra lá e pra cá.
Em nossa relação com o espaço, não fazemos parte de lugar algum. Nos escondemos em nossas casas, envoltas em arames farpados ou ao topo de grandes prédios. Em nossa relação com o tempo, quando o alcançamos, este nos escapa pelos vãos dos dedos. Chegamos atrasados. Condenados a viver todos os dias, uns iguais aos outros. A meros consumidores.

Há algo além de nossos quartos, nossas televisões, nossos quintais, nossos bairros e cidades, nosso planeta. Além de nossa política, nossos empregos, nosso conhecimento, nossa usual forma de lidar com as coisas, de nossos problemas, há um universo. Um grande céu cheio de estrelas que a cidade apaga com a luz de seus postes, de seus prédios e casas. Estrelas que enaltecem a grandeza do todo, que mostram o quão pequenos e insignificantes somos.
Com todos os prédios, o sol não nos chega, as plantas secam e morrem. Com todo o ruído, não contemplamos o silêncio que habita o todo, nem muito menos nos ouvimos uns aos outros. Com toda a velocidade, todos os carros, não paramos, não trilhamos o caminho, não o conquistamos.
Há muito apagamos nossa conexão com os níveis mais sutis da vida, com o próprio universo, depois com os animais, com as plantas, com o próximo, com os espaços públicos e finalmente, com a própria atenção. Não prestamos mais atenção, nem ao menos olhamos o céu.
Vivemos então, em função de uma projeção do que somos, do que necessitamos, do que queremos. Quando não estamos presos ao passado, estamos planejando o futuro. E o momento sempre nos escapa!

Já passou da hora de aprendermos a sair de nós mesmos. Afinal, tudo é um. Não só o planeta é uma grande teia, mas todo o universo, em todas as suas manifestações. Sejam elas nossos corpos físicos, nossos espíritos, nossas mentes, os bichos, as plantas.
Somos criadores de nossa realidade, nossa própria ameaça! Damos força ao dinheiro do qual tanto reclamamos, às instituições, ao governo, aos bancos, à injustiça, à nossa própria relação com o tempo.

Não é tão complicado perceber que o mundo pode ser uma grande fraternidade. Um espaço de experiências e aprendizados reais, quando digo reais, refiro-me ao sentido de que perante todo o universo, independente do tempo, do espaço e da dualidade, aquilo faz sentido.
Nós sustentamos tudo o que está aí. E já é hora de prestarmos mais atenção, de vivermos com mais prudência. Nosso planeta há muito é um lugar de massacres e desigualdades e, apesar de estarmos presos aqui, temos a oportunidade única de vivenciarmos o agora e de trazermos luz à vida. O live-arbítrio é sagrado aqui na Terra e não somos obrigados a concordar com nada do que está aí! Há sim algo que rege a vida no universo inteiro e uma vez que nos adequamos a tal frequência, poderemos trazer um amanhã reciclável. É hora de colocarmos o discurso em prática, ou estaremos condenados a si mesmos.
A vida ensina por bem ou por mal e está aí a grande metáfora das ações do homem e das reações do próprio planeta para provar isso.

Olhemos para dentro! Busquemos inovar, larguemos daquilo que temos consciência que já não serve, uma nova energia está disponível e tudo o que não for adequado nos trará sofrimento, dor e nos afastará do que é mais importante para nossa existência mais profunda. Busquemos com o coração aberto!

Com muito amor escrevo essa mensagem no meio dessa madrugada, buscando ascender uma chama em cada um de nós.
Desejo-lhes muita luz, muita paz e muito amor.
Que todos os seres sejam felizes.

PS: A pintura é de Alex Grey, grande artista.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Amor Incondicional



O universo lhe abre os braços.
No frescor do momento, junto à atmosfera nova, sente-se abraçado.
Envolvidos pela grande trama auto-consciente da vida, todos os seres são tocados.
Naquele momento divino, único, tudo se encaixa e faz sentido.
As estrelas ressoam em seu ser, e sua mente se alinha num estado de contemplação.
Todas as criaturas, todo o universo - em todas as suas formas - transcendem o tempo, o espaço, e unem-se numa só consciência.
A partir daquela centelha, monta-se uma toda uma vida. Aceita-se o que lhe é concedido e a felicidade brota em seu coração, simplesmente por fazer parte de tão belo e profundo plano.
És parte do universo, meu filho.
És um, com o todo.
Sempre foi.