segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Urubus, não gaviões


Andava ávido pelas ruas quentes da cidade, na pressa de algo importante. Algo que de tão importante, na verdade era indiferente.
A gravata lhe apertava o pescoço e sentia-se preso. Seus pés, com os dedos levemente encolhidos dentro dos sapatos lhe davam a sensação de opressão. Era oprimido!
Não podia desfrutar do céu azul celeste e deitar sobre a grama, não podia encostar debaixo da frondosa castanheira e esquecer do tempo, nem ao menos tomar um caldo de cana sentado ao banco da praça.
O contato com as outras pessoas era por cima, falava-se somente o necessário. Era como se a vida de um fosse demasiado importante ao outro, o mesmo importante indiferente de antes.
E agora ? Quando pensava em parar, era pra planejar suas férias, uma saída do fim de semana, um objetivo futuro, algum sonho à gaveta.
Idiota, era completamente alheio a si mesmo. Pertencia aos outros!
Era absorto, deslocado e impróprio.
E agora ?

Um comentário:

  1. Num ávido andar só, como se só pudesse sentir mais junto do mundo, da paisagem.
    A solidão é a enfermeira da vaidade...

    achei-te também querido patrick,
    pelas palavras que vêm do ser que és!

    eve,
    que bom que gostou do pão, os méritos são do Gabriel, querido amigo.

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